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sábado, 19 de dezembro de 2009

sir matias



Conhecemo-nos em Sintra. Eu andava a tentar mudar de profissão, sem sequer dar bem por isso, e tu estavas a cumprir pena, infelizmente sem prazo de soltura à vista. Não trocámos correspondência, nem números de telemóvel. Vimo-nos e apaixonámo-nos. Eu que nunca acreditei no amor somente pela empatia visual, fui obrigada a engolir-te pelos olhos logo no primeiro encontro. Ia à procura de uma criatura ainda nova, que se acostumasse rapidamente às manias de um par de donos com profissões liberais (leia-se disfuncionais) e saiste-me tu na rifa do amor canino. Tu, com 30 kg de euforia no lombo, um hiperactivo das jaulas (sempre achei mais apropriado dizer terrorista) e já com um ano de existência que na realidade equivalia a sete.

Alguém se fartou de ti. Foi isso. Tiveste graça enquanto foste igualzinho ao do anúncio, mas depois as tuas bostas de quilo e meio não são nada glamourosas. Vinhas triste e nervoso, mas mal entraste no carro sentaste-te no banco ao lado do meu e encostaste tranquilo a cabeça ao meu ombro. Eu que vinha de óculos escuros e que mal te conhecia, tive que desembaciar os olhos. A primeira refeição que fizeste lá em casa foram umas lâmpadas que ainda estavam embaladas, foi aí que eu percebi a razão da nossa empatia imediata: sir matias, era um ser iluminado.

menina plath