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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Avant-garde ou a Batalha do Presente




Vivemos sem dúvida, numa época atípica, descaracterizada de estilo e "a suspensão das utopias" dá uma tonalidade albina às emergentes vanguardas. Batalhar pelo presente, confere-nos uma justeza e honestidade sem par (damos enquanto artistas apenas o que somos em determinado momento), mas é também estar unicamente disponível para o que é concreto. Creio que a suspensão das utopias está associada à máxima bíblica: "ver para crer". Contudo, para ver aquilo que ainda não nasceu, a batalha tem de estabelecer-se entre o eu no presente e um pouco de graduação. Não creio que possamos continuar por muito mais tempo, míopes do futuro.

No teatro, a questão é sintomática. Do ponto de vista do actor, fazer teatro contemporâneo (e não me refiro aos performáticos) é abolir a ideia de personagem. Não existe uma identidade fícticia que temos de criar num espectáculo, usando o corpo e a imaginação. O "actor do século XXI", serve apenas o texto, o papel e expõe-se em absoluto na cena. Apropria-se das palavras do autor e afirma apenas a única certeza que lhe é permitida ter enquanto artista: eu, aqui e agora.